sábado, 3 de setembro de 2011

Um dia o circo acaba.

Pinto a cara com a mais brilhante das tintas
para esconder minhas muitas sombras.
Uso uma roupa bem espalhafatosa
para me proteger do medo e da solidão.
E torço para que este nariz vermelho
tão redondo e engraçado
faça o público perdoar minha feiura.

Se faço contorcionismos impossíveis,
se me sujo, tropeço, escorrego
ou bato em mim mesmo com um martelo de brinquedo
não é apenas para fazer rir.
É para acalmar dores muito antigas.
Pois só no picadeiro eu sei fingir
que não sou covarde demais para os saltos dos trapezistas
ou que não sou uma parasita
sugando gargalhadas pra se manter de pé.

E espero que em algum momento
entre o aplauso e o fechar das cortinas,
eu consiga ser feliz.

José Calazans.
ps: estou apaixonada por palhaços.

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